Conversações no Egipto

08-02-2011 23:23

Oposição egípcia reticente depois de conversações 

Cairo - A oposição que esteve reunida com o governo considerou de insuficientes as cedências propostas e os protestos continuam no Cairo e noutras cidades.

Depois do encontro, a Irmandade Muçulmana, um dos grupos da oposição envolvidos nas conversações, disse que o regime não fez quaisquer concessões substanciais. Da sua parte, o governo insiste que vai ser o caos e vai haver uma crise constitucional caso o Presidente se afaste imediatamente. Entretanto o Presidente americano, Barack Obama, diz acreditar que o Egipto não pode voltar atrás e que agora é tempo de mudança.

A Irmandade Muçulmana e outros movimentos participaram em conversações com o governo depois de quase duas semanas de protestos nas ruas, que pretendem forçar o Presidente Moubarak a afastar-se do poder. O governo propôs um organismo para alterar a constituição mas a oposição diz que a oferta do governo não é suficiente. 

O Presidente Moubarak recusou abandonar o cargo ao afirmar que ao fazê-lo provocaria o caos, mas anunciou que não se vai recandidatar em Setembro.

 

Foi a primeira vez que o governo e a Irmandade Muçulmana levaram a cabo conversações.

 No entanto, o porta-voz do grupo, Mohammad Morsi, diz que as negociações ainda têm um longo caminho pela frente: "O diálogo ainda está a decorrer embora não se tenha alcançado nada de concreto. Eles não acataram a maior parte das nossas reivindicações, apenas fizeram algumas concessões mínimas."

 O grupo reinvidica o levantamento das leis de emergência em vigor no país, a dissolução do parlamento e a libertação de todos os prisioneiros políticos.

 O jornalista da BBC Jon Leyne, que está no Cairo, disse que alguns dos participantes nas conversações mostaram-se cépticos em relação às medidas tomadas pelo governo.

 

Uma figura proeminente da oposição, Mohamed El Baradei, afirmou que não é claro o que as conversações podem alcançar:

"O processo é gerido pelo regime cessante sem o envolvimento da nova oposição nem do resto das pessoas. É liderado pelo Vice-Presidente Suleiman e pelo exército. (...) O Presidente é militar, tal como o Vice-Presidente e o Primeiro Ministro e penso que se for para criar confiança então é preciso envolver com o restos dos egípcios, os civis."

 El Baradei não participou nas conversações mas um dos seus representantes encontrou-se com o Vice-Presidente Suleiman em separado.